Morre D. Zioni

Faleceu na manhã desta quarta-feira, 15, o arcebispo emérito de Botucatu D. Vicente Marchetti Zioni, um dos sacerdotes católicos de maior longevidade no país. Ele faleceu aos 96 anos. D. Vicente Ângelo José Marchetti Zioni foi o quinto Bispo de Botucatu e o segundo Arcebispo da Arquidiocese. Antes ele havia sido o primeiro Bispo de Bauru.

Depois da sua aposentadoria, nos anos 80, já passaram outros dois Arcebispos em Botucatu, D. Antonio Mucciolo e D. Aloysio Leal Penna, que encaminhou há poucas semanas ao Vaticano, o pedido de aposentadoria.

D. Vicente assumiu a Arquidiocese em um dos momentos mais dificeis da Igreja Católica no país e em Botucatu, graças à padres que se rebelaram contra a indicação do Vaticano, para substituir D. Henrique Golland Trindade, no final dos anos 60.

Em toda a sua vida sacerdotal D. Vicente Zioni sempre pregou a humildade e assim viveu até seu falecimento, nesta quarta-feira, por volta das 10 da manhã. Nos últimos anos vinha pesquisando fatos da historia de Botucatu e da Igreja na região. Com dificuldade de se locomover, passava longas horas lendo e pesquisando em um apartamento, na Casa dos Meninos.

Antes mesmo de se tornar Arcebispo de Botucatu, D.Zioni esteve em três oportunidades na cidade, realizando palestras para jovens, mães e familias, em 1941, a convite de D. Luiz Maria Santanna, bispo na época.

D. Zioni formou inúmeros padres. Entre eles, foi aluno de D.Zioni, o seu sucessor no comando da Igreja em Botucatu, D. Antonio Maria Mucciolo, bispo emérito da provincia eclesiastica e presidente da Rede Vida de Televisão.

D. Vicente, poucos sabem, havia sido o primeiro sacerdote, sagrado Bispo, na Catedral da Sé, em São Paulo, depois de inaugurada a atual Catedral paulistana. Foi sagrante o Núncio Apostólico do Brasil, D. Armando Lombardi.

D. Vicente Zioni havia nascido no dia 14 de dezembro de 1911. Ele foi o primeiro filho de José Zioni e Maria Luisa Marchetti, italianos que vieram para o Brasil, na virada do século.

Toda a formação educacional de D.Zioni foi feita em colegios de ordens religiosas. Ele fez o ginásio na escola dos Irmãos Maristas, depois, no Seminário Menor Metropolitano de Pirapora do Bom Jesus, fez o colegial seminaristico. Em 1929 veste a batina de padre pela primeira vez.

Posteriormente, seguindo a carreira religiosa, foi mandado para Roma, pelo Arcebispo D.Duarte Leopoldo e Silva, onde obteve mestrado em teologia e pode acompanhar pessoalmente a canonização de Santa Maria Bernadete Soubirou, em 1933.

Nos anos 30 D. Zioni havia recebido a 'Ordens Menores de Exorcista e Acólito, no Colégio Inglês de Roma. A primeira missa feita por D. Zioni na Italia foi em 1936, na Igreja Poroquial de Fiano, na Toscana e as três primeiras no Vaticano, na Basílica de São Pedro.

Foi fundador, ao retornar no Brasil, na década de 50, do Secretariado Nacional de Defesa da Fé. D. Zioni foi o primeiro Bispo da Diocese de Bauru, que havia sido desmembrada na Provincia Eclesiastica de Botucatu, em 17 de maio de 1964.

Em 1969 enfrenta o que foi chamado pela imprensa e pela sociedade como a "rebelião dos padres" que não aceitavam a sua nomeação para Botucatu.

Depois de transferir os padres, inicia uma das mais profícuas ações de levar a presença da igreja católica na região. Sob o comando de D. Zioni são criadas 20 novas paroquias na cidade e na região.

Construir igrejas era uma meta no trabalho religioso de D. Zioni. Anos antes, em Bauru, D. Vicente Zioni, então o primeiro bispo daquela cidade, organizou a Cúria Diocesana e seu arquivo, construiu um Seminário Diocesano, criou novas paróquias e 15 capelas.

Em 1969, quando estava saindo de Bauru, a Diocese já possuía 27 paróquias

Estimulou o funcionamento nas igrejas e paróquias, de apostolados religiosos, assistenciais, culturais, recreativos e promocional, a organização de um centro catequético, um centro diretor da celebração da Palavra Divina, uma creche, uma escola, um dispensário e um centro social.

Depois de aposentado D. Zioni decidiu viver em Botucatu, onde deixa milhares de amigos que ao longo dos tempos, passavam pelo seu apartamento para ouvi-lo falar da Virgem Maria e de Nossa Senhora de Medjugorje.
[Com A Gazeta de Botucatu, arquivos do Entrelinhas e CNBB]

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