Passageiros descem para ônibus subir a serra

Dona Maura e dona Cida são moradoras de um bairro rural, às margens do Rio Tietê e quando precisam pagar as contas, fazer compras em supermercados e farmácias do municipio, embarcam no coletivo, que liga a região do Alvorada da Barra, Mina Rio Bonito e Porto Said à Botucatu.

O ônibus tomado no Alvorada da Barra, passa pelos bairros e condominios às margens do velho Tietê, depois cruza a rodovia que liga Piracicaba à São Manuel, passa por Vitoriana, terra da falecida Chada, de Conde de Serra Negra,[um dos Barões do Café do tempo imperial], sempre com passageiros, passando pela catraca, mais subindo que descendo do coletivo, que em tese, seria para 'turistas'.

Saindo do Distrito de Vitoriana o coletivo já está lotado, dada as poucas linhas e horários com apertados moradores da região embarcados com dezenas de turistas/aventureiros diários, mas em maior quantidade aos domingos.

O velho azul e branco do Grupo Vale do Sol, que em Botucatu leva o nome de "Botucatu" da Empresa Auto Onibus Botucatu, mas no Mato Grosso, circula identificada como"Serrana', com as mesmas cores e cortes estilizando [para os botucatuenses] a Cuesta,[certamente um clone de design e identificação visual], ganha impulso no platô em frente à Granja Moretto e à medida em que o ônibus vai subindo a serra de Vitoriana, o motorista vai cedendo as marchas mais pesadas.

O trecho da pouco antes da serra, na região da Pedreira do Vilela, quase no pico, começo da fazenda Edgardia/Lageado, a 'primeirona' do circular não suporta o peso dos passageiros e suas exóticas bagagens e refuga a subida.

O ônibus pára em plena rodovia vicinal Alcides Soares, estrada sem acostamento, portanto sem segurança, mas não tem outro jeito! Os mais velhinhos e as crianças são mantidas nos veiculos.

Aos poucos, conforme contaram no Programa A Marreta, dona Maura e Cida, vão saindo os passageiros e suas bagagens, algumas delas são frangos, ovos, pintinhos, até 'leitoinhas', amarradas e assustas, dentro de sacos de algodão.

"O ônibus vai apitando o motor ou outra coisa, vai perdendo a força e tem uma hora que não sai mais do lugar. Aí eles abrem a porta para descermos", contaram.

O motorista, 'constrangido', conforme atestam Dona Maura e dona Cida, convida então os passageiros a descerem do circular, já pago e subirem pé-ante-pé e com as leitoinhas nas costas a íngrime serra, quase até o 'Mirante Leste', à margem direita de quem sobe a serra, onde os passageiros, por vezes, são convidados a embarcarem e se reposicionarem em seus assentos.

Obviamente os mais lerdos, os últimos a reembarcarem, completam a viagem em pé....

Se o motorista recebeu elogios dos passageiros, o mesmo não aconteceu com a cobradora.

"Ela fica determinando quem viaja sentado e em pé...", relataram. Essa gestão de assento de ônibus da cobradora, angariou antipatia de dona Maura, que ressaltou: 'um dia desses ela estava esquecendo de devolver o troco'.

Assim é a vida dos moradores dos bairros do Alvorada da Mina, Porto Said, Rio Bonito, Vitoriana e região do rio Capivarinha, conforme relataram as duas senhoras, em uma reclamação por telefone, na Rádio Municipalista, nesta terça-feira.

156
Foi sugerido que se ligasse no telefone do DET 156, mas Dona Cida desaconselhou: 'toca-toca de cair a linha e ninguem atende". Ela já tinha tentado várias vezes.

Vai ver é por isso que o prefeito Mário Ielo se arrisca a dizer que o transporte de Botucatu é muito bom e ninguem reclamou contra a empresa, nem mesmo com uma fatalidade de uma morte, na Cohab, ano passado. O telefone toca, mas ninguem atende....


[imagem ilustrativa, do site darkroastedblend]

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