Vaticano indica sacerdote com visão social para Arquidiocese
Gesiel Júnior – Especial para o Entrelinhas.com
Expectativa entre os católicos da região. O Vaticano deve anunciar na manhã desta quarta-feira, 19 de novembro, a nomeação, pelo papa Bento XVI, de dom Maurício Grotto de Camargo para o cargo de arcebispo metropolitano de Botucatu, em substituição a dom Aloysio Penna. Atual bispo de Assis, ele tem 51 anos e será o mais jovem a assumir a função.
A notícia vazou de fontes ligadas à Cúria de Botucatu, mas a informação – segundo praxe da Santa Sé – ainda está sob sigilo pontifício, isto é, não pode ser divulgada até a sua oficialização, prevista para esta quarta-feira, estando por enquanto restrita apenas a bispos.
Entretanto, em Avaré, nas missas deste domingo, o padre Milton Perretti, botucatuense que é pároco da igreja de São Pedro Apóstolo, pediu orações aos fiéis ao anunciar, sem revelar o nome, a nomeação do novo arcebispo, prevista para quarta-feira.
Há um ano, na primeira reportagem sobre a sucessão episcopal, apontávamos neste site, o nome de dom Maurício entre os cotados para sentar-se na cátedra de Santana de Botucatu, um dos bispados paulistas mais tradicionais.
Barbas longas e grisalhas, simpatizante da reforma agrária, desde que era jovem padre, dom Maurício defendeu a luta pelo acesso à terra a homens do campo mais carentes.
É um perfil muito diferente dos que ocuparam essa importante função até agora, o que torna a escolha surpreendente. A nomeação vai mudar os rumos da centenária Igreja arquidiocesana de Botucatu e provocará alterações nos seus postos chave, ocupados por alguns padres tidos como centralizadores e até retrógrados.
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::Vida e lema
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“Sereis minhas testemunhas”, frase extraída do livro dos Atos dos Apóstolos, é o lema da vida de dom Maurício como bispo.
Nascido em Presidente Prudente no dia 26 de setembro de 1957, ele estudou no Seminário Diocesano de sua terra natal e depois no Instituto Paulo VI de Londrina (PR). Recebeu a ordenação sacerdotal no dia 11 de abril de 1981.
Nesse mesmo ano atuou como coordenador de Pastoral, chanceler da Cúria e vigário cooperador da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Presidente Prudente. No ano seguinte, serviu como vigário paroquial de Álvares Machado.
Em 1987, atendeu como diretor espiritual do Seminário Provincial Sagrado Coração de Jesus, em Marília. Depois, foi vigário da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Regente Feijó. Em 1991, respondeu como reitor do Seminário Provincial, em Marília, função que voltaria a desempenhar em 1997. Em 1993, foi administrador paroquial da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, em Rosana.
De fevereiro a julho de 2000 o então padre Maurício exerceu o cargo de subsecretário-geral da CNBB, em Brasília (DF), quando ficou mais conhecido. No Ano Santo de 2000, João Paulo II o nomeou, em 3 de maio, bispo coadjutor de Assis.
Sua sagração episcopal ocorreu no dia 30 de julho do mesmo ano, por dom Agostinho Marochi, no Ginásio Municipal de Esportes, em Presidente Prudente, tendo como consagrantes, dom Antonio de Souza, hoje bispo emérito de Assis e dom Antônio Maria Mucciolo, arcebispo emérito de Botucatu. Desde 31 de outubro de 2004 responde como titular do Bispado de Assis.
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::CEBs e Juventude
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Desde junho do ano passado, dom Maurício é o bispo que acompanha as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Segundo ele, as chamadas CEBs continuam bem organizadas no Brasil.
“Na verdade as CEB’s tiveram um grande destaque nas décadas de 1970 e 1980, quando a Igreja era o único espaço de luta em favor do povo. Depois, com a volta à normalidade, novos movimentos apareceram, mas as Comunidades Eclesiais não diminuíram, apenas mudaram de foco”, diz, lembrando que tais comunidades estão presentes – de maneira missionária – hoje, tanto no campo como nas cidades.
O novo arcebispo é bem ligado à juventude. "É preciso oferecer condições para que o jovem seja jovem", diz lembrando ter sido este o motivo que levou a CNBB a escrever um texto que se tornou o documento 85 "Evangelização da Juventude".
“Nos países latinos, praticamente 50% da população é jovem e muitos destes acabam tornando-se vítimas de promessas de vida fácil e de felicidade rápida. Não podemos ficar de braços cruzados. Os jovens procuram um sentido para a vida e uma vida de sentido", alertou dom Maurício.
Estes dois pontos – CEBs e Juventude – vão estar entre as prioridades pastorais do novo arcebispo de Botucatu, cuja data de posse pode ocorrer em janeiro de 2009.
Um imenso trabalho terá dom Maurício para reorganizar pastoralmente a arquidiocese de Botucatu. O clero, dividido nos últimos anos pela falta de uma liderança, atua desligado das prioridades da Igreja Católica no Brasil. Já os leigos vão olhar para o novo arcebispo com esperança, pois sendo um homem de visão clara e aberto ao diálogo, certamente dará espaço para o laicato colaborar concretamente para a tão sonhada comunhão eclesial.
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Gesiel Júnior, 44
É jornalista, cronista, pesquisador, e autor de livros sobre a história da Igreja Católica na região.
[conferir em http://www.entrelinhas.com/portal/index.php?CAT=21&DET=9887]
Expectativa entre os católicos da região. O Vaticano deve anunciar na manhã desta quarta-feira, 19 de novembro, a nomeação, pelo papa Bento XVI, de dom Maurício Grotto de Camargo para o cargo de arcebispo metropolitano de Botucatu, em substituição a dom Aloysio Penna. Atual bispo de Assis, ele tem 51 anos e será o mais jovem a assumir a função.
A notícia vazou de fontes ligadas à Cúria de Botucatu, mas a informação – segundo praxe da Santa Sé – ainda está sob sigilo pontifício, isto é, não pode ser divulgada até a sua oficialização, prevista para esta quarta-feira, estando por enquanto restrita apenas a bispos.
Entretanto, em Avaré, nas missas deste domingo, o padre Milton Perretti, botucatuense que é pároco da igreja de São Pedro Apóstolo, pediu orações aos fiéis ao anunciar, sem revelar o nome, a nomeação do novo arcebispo, prevista para quarta-feira.
Há um ano, na primeira reportagem sobre a sucessão episcopal, apontávamos neste site, o nome de dom Maurício entre os cotados para sentar-se na cátedra de Santana de Botucatu, um dos bispados paulistas mais tradicionais.
Barbas longas e grisalhas, simpatizante da reforma agrária, desde que era jovem padre, dom Maurício defendeu a luta pelo acesso à terra a homens do campo mais carentes.
É um perfil muito diferente dos que ocuparam essa importante função até agora, o que torna a escolha surpreendente. A nomeação vai mudar os rumos da centenária Igreja arquidiocesana de Botucatu e provocará alterações nos seus postos chave, ocupados por alguns padres tidos como centralizadores e até retrógrados.
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::Vida e lema
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“Sereis minhas testemunhas”, frase extraída do livro dos Atos dos Apóstolos, é o lema da vida de dom Maurício como bispo.
Nascido em Presidente Prudente no dia 26 de setembro de 1957, ele estudou no Seminário Diocesano de sua terra natal e depois no Instituto Paulo VI de Londrina (PR). Recebeu a ordenação sacerdotal no dia 11 de abril de 1981.
Nesse mesmo ano atuou como coordenador de Pastoral, chanceler da Cúria e vigário cooperador da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Presidente Prudente. No ano seguinte, serviu como vigário paroquial de Álvares Machado.
Em 1987, atendeu como diretor espiritual do Seminário Provincial Sagrado Coração de Jesus, em Marília. Depois, foi vigário da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Regente Feijó. Em 1991, respondeu como reitor do Seminário Provincial, em Marília, função que voltaria a desempenhar em 1997. Em 1993, foi administrador paroquial da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, em Rosana.
De fevereiro a julho de 2000 o então padre Maurício exerceu o cargo de subsecretário-geral da CNBB, em Brasília (DF), quando ficou mais conhecido. No Ano Santo de 2000, João Paulo II o nomeou, em 3 de maio, bispo coadjutor de Assis.
Sua sagração episcopal ocorreu no dia 30 de julho do mesmo ano, por dom Agostinho Marochi, no Ginásio Municipal de Esportes, em Presidente Prudente, tendo como consagrantes, dom Antonio de Souza, hoje bispo emérito de Assis e dom Antônio Maria Mucciolo, arcebispo emérito de Botucatu. Desde 31 de outubro de 2004 responde como titular do Bispado de Assis.
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::CEBs e Juventude
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Desde junho do ano passado, dom Maurício é o bispo que acompanha as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Segundo ele, as chamadas CEBs continuam bem organizadas no Brasil.
“Na verdade as CEB’s tiveram um grande destaque nas décadas de 1970 e 1980, quando a Igreja era o único espaço de luta em favor do povo. Depois, com a volta à normalidade, novos movimentos apareceram, mas as Comunidades Eclesiais não diminuíram, apenas mudaram de foco”, diz, lembrando que tais comunidades estão presentes – de maneira missionária – hoje, tanto no campo como nas cidades.
O novo arcebispo é bem ligado à juventude. "É preciso oferecer condições para que o jovem seja jovem", diz lembrando ter sido este o motivo que levou a CNBB a escrever um texto que se tornou o documento 85 "Evangelização da Juventude".
“Nos países latinos, praticamente 50% da população é jovem e muitos destes acabam tornando-se vítimas de promessas de vida fácil e de felicidade rápida. Não podemos ficar de braços cruzados. Os jovens procuram um sentido para a vida e uma vida de sentido", alertou dom Maurício.
Estes dois pontos – CEBs e Juventude – vão estar entre as prioridades pastorais do novo arcebispo de Botucatu, cuja data de posse pode ocorrer em janeiro de 2009.
Um imenso trabalho terá dom Maurício para reorganizar pastoralmente a arquidiocese de Botucatu. O clero, dividido nos últimos anos pela falta de uma liderança, atua desligado das prioridades da Igreja Católica no Brasil. Já os leigos vão olhar para o novo arcebispo com esperança, pois sendo um homem de visão clara e aberto ao diálogo, certamente dará espaço para o laicato colaborar concretamente para a tão sonhada comunhão eclesial.
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Gesiel Júnior, 44
É jornalista, cronista, pesquisador, e autor de livros sobre a história da Igreja Católica na região.
[conferir em http://www.entrelinhas.com/portal/index.php?CAT=21&DET=9887]
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